Colégio
Estadual Princesa Izabel - Taquaral de Goiás-G0 Professora- Rubla
Aluno:
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Turma:______
Atividade relacionada à Ação do SIGAE-
Redescobrindo Frankenstein na sala de aula.
Conteúdo: A criação do Frankenstein e a forma de vida nos
tempos atuais, considerando os desastres sociais, naturais e humanos.
Objetivo:
Por meio da obra de Mary Shelley- Franskenstein, compreender o uso e os avanços
da Revolução Industrial e da Ciência a favor do homem, e os “monstros” que a
sociedade atual constrói, que destroem todas a formas de vida no planeta.
Uma grande erupção vulcânica no Monte Tambora, nas
Índias Orientais Holandesas (atual Indonésia), abalou o planeta, em abril de
1815. A explosão matou imediatamente dezenas de milhares de pessoas, outras
morreram de fome e uma nuvem gigante de partículas minúsculas se espalhou pelo
globo, bloqueando a luz solar, o que provocou três anos de esfriamento planetário. Os
efeitos ambientais foram tão extremos que houve declínio econômico, difusão de
doenças e diversas revoltas populares pelo mundo. Como consequência, 1816 ficou
conhecido como “o ano sem verão”.
O
resultado inesperado e não antecipado desse evento natural extremo foi a
concepção do livro “Frankenstein, ou o moderno Prometeu”. Na verdade, o clima excepcionalmente frio de 1816 foi o responsável
indireto pela criação da magnífica obra de Mary Shelley, a filha do filósofo
iluminista William Godwin (1756-1836) e da pioneira do feminismo moderno, Mary
Wollstonecraft (1759-1797) .
Frankenstein é um alerta
sobre os perigos de uma ciência arrogante e exagerada que desencadeia forças
que não pode controlar. O livro de Mary Shelley inova ao trazer uma crítica ao
iluminismo, não pelo lado conservador, mas pelas consequências não antecipadas
do efetivo sucesso da racionalidade.
Numa noite dessas, um grupo de pessoas estavam
reunidos em casa para jogar conversa fora. Muitas e longas conversas aconteciam
na hospedagem da Villa Diodati. Durante uma discussão filosófica, entre Lord
Byron e Percy Shelley, foi abordado o princípio da vida e a possibilidade de
ele ser descoberto e colocado em prática. Eles falavam das experiências
ocorridas em Londres, com base nos ensinamentos de Luigi Galvani sobre a
influência da eletricidade sobre o sistema nervoso (galvanismo). Mary “assistia
como ouvinte devota, mas silenciosa”.
Após a conversação e já tarde da noite, Mary foi
para a cama mas não conseguiu dormir. Assim que colocou a cabeça sobre o
travesseiro, sua imaginação se iluminou e ela conseguiu desenhar todas as
principais cenas do livro Frankenstein, com as consequências espantosas da
“tentativa humana para imitar o estupendo mecanismo do Criador do mundo”.
Horrorizada com sua própria imaginação, Mary
percebeu que sua história assustadora era exatamente aquilo que aterrorizaria as
pessoas.
O livro da garota Mary Shelley é uma obra prima da
literatura inglesa e mundial, com uma profunda mensagem filosófica.
Escrito nos primórdios da Revolução Industrial, ele se mantém eternamente
atual, pois aborda o princípio da vida e os limites da Razão. Recentemente, o
Massachusetts Institute of Technology (MIT), em Boston, realizou um seminário
para comemorar os 200 anos de “Frankenstein” e recordar a importância da
crítica à racionalidade instrumental dos pesquisadores, nestes tempos em que a
ciência trabalha em tecnologias para viabilizar a clonagem e o aperfeiçoamento
genético na direção de uma raça superior, os transumanos imortais. Antes
de mais nada, é preciso esclarecer duas coisas sobre o conteúdo e o título do
livro: “Frankenstein, ou o moderno Prometeu”.
Victor Frankenstein era um cidadão suíço de classe
média alta, morador de Genebra, que, desde criança, tinha paixão pelas ciências
naturais e estudava as obras dos alquimistas medievais . Aos 17 anos, por
incentivo do pai, foi estudar química na universidade de Ingolstadt, na
Alemanha. Imbuído da ideia de fazer algo memorável para a humanidade, se
dedicou com afinco à bibliografia e à tecnologia mais avançada da época. Com
ajuda do seu professor Waldman, Victor Frankenstein passou dois anos totalmente
dedicados ao seu objetivo de entender “o princípio da vida”.
Após incrível esforço, ele conseguiu decifrar,
sozinho, a fórmula da criação. Sua autoconfiança lhe deu a certeza de que era
capaz de “dar a vida a um animal tão complexo e maravilhoso quanto o ser
humano”. Ele juntou partes de cadáveres e montou um corpo largo e de 2,40
metros de altura. Numa noite sombria com a chuva batendo tristemente na janela,
tomou os instrumentos que estavam à sua volta e infundiu “a centelha de vida na
coisa inerte que jazia aos seus pés”. Frankenstein viu a sua criatura abrir o
“olho amarelo” e “respirar com dificuldade”.
Tal como Deus, ele havia conseguido criar um homem.
Mas, quase imediatamente, a excitação cedeu lugar ao desespero. De fato, Victor
Frankenstein conseguiu dar vida a um material inerte, como Deus criou Adão do
barro. Mas sua criação era feia e asquerosa: “uma coisa que nem Dante poderia
ter concebido”. Numa espécie de depressão pós-parto, tomado de pavor,
Frankenstein, o criador, renegou e abandonou a sua Criatura, sem sequer ter
feito o seu batismo. A Criatura, sem nome, gerada pela racionalidade do gênio
humano, foi renegada por toda a humanidade e se tornou o monstro mais conhecido
da era moderna.
Mary Shelley também fez uma referência “mitológica”
fundamental, quando na epígrafe do livro cita uma passagem do excepcional
poema “Paraíso Perdido” (1667), de John Milton, em que Adão questiona a Deus: “Pedi para que me
arrancasses das trevas?” Desta forma, a autora relaciona Victor Frankenstein ao
Criador e sua Criatura a Adão. Mas um Adão desobediente e ciente do seu querer,
que prefere perder o Paraíso a viver uma vida sem o poder orgástico do sabor
dos frutos da árvore do conhecimento, condimentado pelo fogo prometeico.
Não temos espaço neste artigo para tratar de toda a
trama do magnífico livro de Mary Shelley. Mas o que deflagra uma guerra aberta
entre o Criador e a Criatura (isto é, entre Victor Frankenstein e o Monstro) é
a recusa do primeiro de aplicar sua técnica para gerar uma fêmea (uma Eva) para
o segundo. Mesmo condenado a passar por grandes atribulações pessoais e
familiares, Victor Frankenstein se recusa a fornecer uma companheira (esposa)
para a sua Criatura, com receio de dar início a uma raça de monstros que
poderia colocar em xeque toda a humanidade.
Mas o que Mary Shelley quis mostrar no livro é que
a racionalidade humana – tão decantada pelos revolucionários iluministas do
século XVIII, em especial os seus pais – pode ser incapaz de gerar sempre bons
frutos. Ao invés de alcançar a “perfectibilidade do ser humano”, realça a
imperfectibilidade. O retrocesso, ao invés do progresso. O colapso e não a
abundância. Enfim, em vez de um novo ser
humano, monstros.
Sem
dúvidas, o livro “Frankenstein” é um alerta sobre os perigos de uma ciência
arrogante e exagerada que desencadeia forças que não pode controlar.
Assim, de forma presciente, o
livro permite uma leitura do poder da ciência e da tecnologia como fator
modelador de um estilo de desenvolvimento que viola a natureza e a ordem
natural do mundo, uma vez que as invenções físicas e químicas podem trazer
embutidas blasfêmias, e a bioengenharia genética, perversões. Hoje, é senso comum dizer que as promessas
maravilhosas da energia nuclear já traziam embutidos os desastres de Chernobyl,
Three Mile Island e Fukushima.
Os críticos dizem que a história seria diferente se
Victor Frankenstein e a humanidade tivessem aceitado a Criatura como ela era em
sua essência. O problema não estaria nas consequências indesejadas da ciência,
mas na aversão da sociedade em relação às diferenças e à alteridade. Nesta
interpretação, o fracasso da experiência frankensteiniana teria ocorrido devido
à covardia moral de Victor, em função de seu egoísmo e narcisismo exacerbado.
Enfim, o erro de Victor Frankenstein não teria sido a sua tentativa de criar um
novo ser humano, mas ter renegado a sua Criatura, por mais monstruosa que ela
fosse na aparência.
Sem
dúvida, a humanidade tem muito mais facilidade de lidar com o sucesso do que
com o fracasso e tende a segregar e secundarizar o que difere da norma. Mas o problema é mais grave do que a
interpretação acima, pois o pensamento dominante – aquele elaborado pelos
“aparelhos ideológicos” das forças sociais hegemônicas – tende a negar as consequências indesejadas do modelo de desenvolvimento
e as externalidades negativas do crescimento econômico, gerados pelo avanço da
ciência e da tecnologia atrelado ao processo de acumulação de capital e
riqueza. Desta forma, seria um equívoco individualizar, na figura de Victor
Frankenstein, o choque trazido pelo monstro que ameaça a humanidade.
Por
exemplo, 200 anos de crescimento da produção de bens e serviços, de uso
generalizado de combustíveis fósseis, de utilização de recursos naturais não
renováveis, de geração de lixo, resíduos sólidos e emissão de gases de efeito
estufa está gerando o ‘monstro’ do aquecimento global, que por sua vez provoca o degelo do Ártico, da
Antártica, da Groelândia e dos glaciares. Cerca de 2 bilhões de pessoas que
vivem nas áreas litorâneas estão ameaçadas. Além disto, aumenta a frequência
dos eventos climáticos extremos, sendo que os desastres provocados pelos
furacões Harvey, Irma e Maria são apenas exemplos, que tendem a ficar cada vez
mais frequentes e danosos.
Fazendo
uma analogia, podemos dizer que o efeito estufa é a “Criatura” não desejada que
surgiu em decorrência de técnicas e métodos de exploração da natureza
utilizados para garantir o alto padrão de consumo médio e o bem-estar humano. A temperatura da Terra caminha para o maior nível
dos últimos 5 milhões de anos. O aquecimento global do século XXI parece ser o
fenômeno horrível – a aberração indesejada – que a humanidade tenta esconder e
negar, assim como aconteceu com a Criatura de Victor Frankenstein, no século
XIX.
O livro “Frankenstein, começou a ser escrito em um
ano frio e “sem verão” e, em seu desfecho, a disputa final entre o Criador e a
Criatura aconteceu nas calotas geladas das latitudes polares. Victor
Frankenstein morreu, entre os blocos de gelo do Polo Norte, no navio do capitão
Walton e a Criatura monstruosa desapareceu no Ártico.
A diferença atual, real e efetiva, em relação à
ficção de Mary Shelley, é que, neste momento em que a Europa e o mundo
experimentam ondas letais de calor, o ‘monstro’ do aquecimento global não está
sucumbindo no frio polar. Ao contrário,
está provocando o degelo global e o desaparecimento do gelo do Ártico, com
todas as consequências indesejáveis da acidificação dos oceanos e da elevação
do nível dos mares.
Atividade: Respostas pessoais bem
elaboradas (peça ajuda a alguém para que possa responder)
01-
Quais foram os impactos sociais e ambientais
provocados pelas inovações científicas e tecnológicas no mundo inteiro?
02-
Como a tecnologia pode ajudar o meio ambiente?
03-
Segundo o texto, existe um monstro que vive
entre nós. Que monstro é esse? O que ele provoca nas pessoas?
04-
Qual é o objetivo do monstro atual que vive
entre nós?
05-
Faça um desenho no seu caderno, que caracterize
o monstro da atualidade, o monstro que definha a nossa sociedade e que destrói
os valores da humanidade.