sexta-feira, 14 de maio de 2021

Atividades de Língua Portuguesa - 8º ano A e B /Plano de ação-SIGAE

 

Disciplina

Série

Data

 

Página 1 de 2

 

 Língua Portuguesa

8° série A e B

  17- 05-2021

Unidade Educacional: Colégio Estadual Princesa Izabel

Professora: Aline Lorrana Maia.

Aluno (a): _________________________________________________________

Atividades de Língua Portuguesa referentes ao 2º Bimestre

 

Trabalho de Língua Portuguesa

Objeto de conhecimento: Crônicas.

Objetivos: Compreender alguns aspectos e características do gênero crônica. Produzir um livro hexagonal.

 

Releias as crônicas estudadas:

Texto 1

Onde já se viu?

    Tatiana Belinky

       


   Uma tarde de inverno, estava eu lá, na rua Barão de Itapetininga, mexendo nas estantes de uma livraria. (Não consigo passar por uma sem entrar para fuçar no meio dos livros. Desde que eu tinha quatro anos de idade — o que já faz muito tempo — livro para mim é a coisa mais gostosa do mundo. A gente nunca sabe que surpresa vai encontrar entre duas capas. Pode ser coisa de boniteza, ou de tristeza, ou de poesia, ou de risada, ou de susto, sei lá. Um livro é sempre uma aventura, vale a pena tentar!)

     Pois bem, estava eu ali, muito entretida, examinando os livros, quando de repente senti que alguém me puxava pela manga. Olhei para baixo e vi um menino — um garotinho de uns nove ou dez anos, magrelo, sujinho, de roupa esfarrapada e pé no chão. Uma dessas crianças que andam largadas pelas ruas da cidade, pedindo esmola. Ou, no melhor dos casos, vendendo colchetes ou dropes, essas coisas. Eu já ia abrindo a bolsa para livrar-me logo dele, quando o garoto disse:

— Escuta, dona... (Naquele tempo, ninguém chamava a gente de tia: tia era só a irmã do pai ou da mãe.)

 — O quê? — perguntei. — O que você quer?

— Eu... dona, me compra um livro? — disse ele baixinho, meio com medo. Dizer que fiquei surpresa é pouco. O jeito do menino era de quem precisava de comida. De roupa, isso sim. Duvidei do que ouvira:

 — Você não prefere algum dinheiro? — perguntei.

— Não, dona — disse o garoto, mais animado, olhando-me agora bem nos olhos.

— Eu queria um livro. Me compra um livro? Meu coração começou a bater mais forte.

 — Escolha o livro que você quiser — falei

        As pessoas na livraria começaram a observar a cena, incrédulas e curiosas. O menino já estava junto à prateleira, procurando, examinando ora um livro, ora outro, todo excitado. Um vendedor se aproximou, meio desconfiado, com cara de querer intervir.

— Deixe o menino escolher um livro — falei. — Eu pago. As pessoas em volta me olhavam admiradas.

Onde já se viu alguém comprar um livro para um molequinho maltrapilho daqueles?

    Pois vou lhes contar: foi exatamente o que se viu naquela tarde, naquela livraria. O menino acabou se decidindo por um livro de aventuras, nem me lembro qual. Mas me lembro bem da minha emoção quando lhe entreguei o volume e vi seus olhinhos brilhando ao me dizer um apressado obrigado, dona! antes de sair em disparada, abraçando o livro apertado ao peito.

     Quanto aos meus próprios olhos, estes se embaçaram estranhamente, quando pensei comigo: “Tanta criança rica não sabe o que perde, não lendo, e este menino pobre — que certamente não era um pobre menino — sabe o valor que tem essa maravilha que se chama livro!”.

 Isso aconteceu há vários anos. Bem que eu gostaria de saber o que foi feito daquele menino...

 BELINKY, Tatiana. Onde já se viu? Em: Olhos de ver. São Paulo: Moderna, 2015. p. 19-21. (Coleção Veredas

Texto 2

O AMOR ETERNO PASSEIA DE ÔNIBUS 

    


 Vou atribuir esta história ao Rubem Braga. Primeiro, porque acho que foi ele que me contou há muito tempo. Segundo, porque, se não foi ele, deveria ter sido, já que a história tem toda a cara de Rubem Braga.

Pois bem, antigo apaixonado pela praia e observador atento de seus frequentadores, Rubem reparava num casal de velhinhos que todo dia, ao final da tarde, passeava na calçada. Iam de mãos dadas, olhando as ondas, trocando umas poucas palavras, sem pressa, como quem já se disse tudo o que havia de importante para dizer. Às vezes levavam um cão, outras vezes iam sozinhos. Tinham um ar doce e apaziguado que encantava Rubem. Afinal, dizia-se o cronista olhando o casal, o amor é possível e na nossa pequena medida, pode até mesmo ser eterno.

      A vida quis que um dia Rubem conhecesse uma jovem senhora, a qual se revelaria adiante parente do casal de velhinhos. E foi por ela, numa tarde em que louvava encantado o amor daqueles dois, que Rubem ficou sabendo a verdade. Há muito não se amavam, viviam uma vida de fachada por causa dos filhos e netos. Na verdade, ele a odiava e ela o desprezava.

     Lembrei-me desta história ontem, viajando de ônibus. Sacolejávamo-nos coletivamente irmanados em plena normalidade quando, numa parada o casal subiu. Eram velhinhos os dois, de uma faixa em que os anos haviam perdido a definição, e já não tinham idade aparente, transformados apenas em demonstração de sobrevivência. Cabeças brancas, ossaturas frágeis, uma hesitação nos gestos, e magros. Assim eram parecidos. E mais além, naquilo que o tempo, trabalhando sobre os rostos outrora jovens, havia acrescentado, moldando em carne, rugas e expressão as semelhanças que um refletia sobre o outro, no interminável jogo de espelhos da convivência. Pelo retrovisor, o motorista viu-lhes as cabeças brancas e a fragilidade, e, com imprevisível delicadeza, esperou, para arrancar até que estivessem seguros. De esguelha, os passageiros do ônibus olhavam para eles. Viram quando ele deu a vez para que ela sentasse à janela, quando a ajudou com a bolsa, repararam no gesto instintivo com que se aproximaram um do outro no assento. Vagos sorrisos de ternura suavizaram os lábios dos passageiros do ônibus. Já não sacolejávamos em plena rotina. Algo de diferente havia acontecido.

Alguns quarteirões adiante ele puxou a cordinha, e repetiu-se a cerimônia. O motorista esperou solícito. Ele cedeu a vez à mulher, ajudou-a com a bolsa, foi conduzindo-a pelo braço até a porta, e desceu à sua frente para ajudá-la a saltar. Ninguém se impacientou. Os que estavam sentados do lado direito do ônibus ainda ficaram a vê-los na calçada, enquanto se encaminhavam hesitantes, de braço dado rumo à esquina.

     Ao meu lado, o senhor corpulento não resistiu. Sorriu abertamente, e saiu-se num longo discurso de exaltação do amor e das suas possibilidades nesse mundo de máquinas e violência. Outros passageiros comentavam entre si. O coração coletivo daquele ônibus seguia agora mais leve, como se tivesse assistido à confirmação de um milagre.

     Lembrei-me então da história do Rubem. Ele a odiava e ela o desprezava. Nada, além dos gestos delicados, garantia à pequena população do ônibus que aquele casal se amava realmente. E os gestos delicados podem ser apenas reflexo de formação, como demonstra qualquer mordomo. O amor encontra outros meios de se manifestar. Mas nós vimos aquilo que queríamos ver. Para as pessoas todas que ali estavam, de repente tornou-se importante acreditar que o casal de velhinhos se amava, se não com a mesma violência, pelo menos com a mesma ternura com que havia começado a se amar tantos anos antes.

Já não se tratava dos velhinhos pessoalmente. Eles haviam-se transformado em símbolo. Cada passageiro daquele ônibus via neles a sua própria possibilidade de amar e ser amado até a decrepitude, até o fim da vida. Na manhã antes insípida, os velhinhos encarnavam o mito do amor eterno. E o mito passeava de ônibus, para que todos o vissem, e levassem adiante a boa nova.

    Talvez, discretos, meus companheiros de viagem não tenham saído por aí alardeando o acontecido. Mas é certo que se sentiram reconfortados, e de si para si cada um murmurou por um instante: "O amor eterno existe. Eu vi um."

Produção textual:

A partir das leituras das Crônicas Onde já se viu?, de Tatiana Belinky e O amor eterno passeia no ônibus; de Marina Colasanti, escolha uma das crônicas e construa uma livro hexagonal, siga os passos:

 1: Faça um desenho bonito representando a crônica escolhida;

 2: Escreva o título e o nome da autora;

 3: Escreva o tipo textual da crônica, os personagens, tempo e espaço;

 4: Introdução;

 5: Desenvolvimento;

 6: Conclusão:

 7: Análise crítica sobre a crônica.

Materiais para construção do hexágono: Folha branca ou cartolina, régua, tesoura e lápis.

Observação: Você pode imprimir o hexágono pela internet, se tiver dificuldades em desenhar.

Faça os seus hexágonos grandes para poder escrever dentro.



Exemplos de produções de livros hexagonal:          



ESSA PRODUÇÃO VALERÁ DE 0 À 10 PONTOS. CAPRICHE, UTILIZE SUA CRIATIVIDADE. 

Você poderá também pesquisar e escolher outra crônica do seu gosto. Não esqueça de enviar a foto do seu trabalho. Bons estudos.

 

"Seu empenho e dedicação são fundamentais para uma aprendizagem de qualidade." Beijinhos!