Unidade Educacional: Colégio
Estadual Princesa Izabel
Diretor: Wattson Mamedes de
Souza.
Professora: Aline Lorrana Maia.
Aluno (a):
______________________________________ Série: 8ª ano A e B.
Taquaral de Goiás, 08 de março de 2021.
Atividades de Língua Portuguesa referente ao 1º Bimestre de 2021
Leia o texto com bastante atenção:
Eu sou Malala
Aquela manhã de
terça-feira começou como qualquer outra, embora um pouco mais tarde que o
normal. Era época de provas, e então as aulas tinham início às nove horas em
vez de às oito, o que era bom, pois não gosto de acordar cedo e consigo dormir
mesmo com o cacarejar dos galos e o chamado do muezim para as orações. [...]
A escola não ficava
muito longe da minha casa, e eu costumava fazer o percurso a pé, mas desde o
início de 2012 passei a ir com as outras meninas, usando o riquixá. [...]
Passei a tomar o
ônibus porque minha mãe começou a sentir medo de que eu andasse sozinha.
Tínhamos recebido ameaças o ano inteiro. Algumas estavam nos jornais, outras
vinham na forma de bilhetes ou de mensagens transmitidos pelos moradores. Minha
mãe andava preocupada comigo, mas a milícia talibã nunca atacara uma menina e
eu estava mais preocupada com a hipótese de que eles talvez visassem meu pai,
que sempre os criticava publicamente. [...]
Eu não estava
assustada, mas passei a verificar, à noite, se o portão de casa estava mesmo
trancado. E comecei a perguntar a Deus o que acontece quando a gente morre.
Contei tudo à minha melhor amiga, Moniba. Morávamos na mesma rua quando
pequenas, somos amigas desde a época do ensino fundamental e dividimos tudo:
músicas do Justin Bieber, filmes da série Crepúsculo, os melhores
cremes clareadores. Seu sonho era virar designer de moda, apesar de saber que
sua família jamais concordaria; então dizia a todo mundo que queria ser médica.
É difícil, para as meninas de nossa sociedade, ser qualquer coisa que não
professora ou médica - isso, se quiserem trabalhar. Eu era diferente. Nunca
escondi minha vontade, quando deixei de querer ser médica para ser inventora ou
política. Moniba sempre sabia quando algo não ia bem comigo. "Não se
preocupe", eu lhe dizia. "Os talibãs nunca pegaram uma menina."
Quando nosso ônibus
chegou, descemos a escadaria correndo. As outras meninas cobriram a cabeça
antes de sair para a rua e subir pela parte traseira do veículo. [...] O fundo
do veículo, onde estávamos sentadas, não tinha janelas, apenas uma proteção de
plástico grosso cujas laterais batiam na lataria.
[...]
Na realidade, o que aconteceu
foi que o ônibus parou de repente. [...] Devíamos estar a menos de duzentos
metros do posto militar.
Não conseguíamos
ver adiante, mas um jovem barbudo, vestido em cores claras, invadiu a pista e,
acenando, fez o ônibus parar.
"Este é o
ônibus da Escola Khushal?", perguntou a Bhai Jan. O motorista achou aquela
uma pergunta idiota, já que o nome estava pintado na lateral do ônibus.
"Sim", respondeu.
"Quero
informações sobre algumas crianças", o homem disse.
"Então você
deve ir à secretaria da escola", orientou-o Bhai Jan.
Enquanto ele
falava, outro rapaz, de branco, aproximou-se pela traseira do veículo.
"Olhe, é um daqueles jornalistas que vêm pedir entrevistas a você",
disse Moniba. Desde que eu começara a falar em público com meu pai, para fazer
campanha pela educação de meninas e contra aqueles que, como o Talibã, querem
nos esconder, muitas vezes apareciam jornalistas, até mesmo estrangeiros, mas
nunca daquele jeito, no meio da rua.
O homem usava um
gorro de lã tradicional e tinha um lenço sobre o nariz e a boca, como se
estivesse gripado. Parecia um estudante universitário. Então avançou para a
porta traseira do ônibus e se debruçou em nossa direção.
— Quem é
Malala?", perguntou.
Ninguém disse nada,
mas várias das meninas olharam para mim. Eu era a única que não estava com o
rosto coberto.
Foi então que ele
ergueu uma pistola preta. Depois fiquei sabendo que era uma Colt 45. Algumas
meninas gritaram. Moniba me contou que apertei sua mão.
Minhas amigas
disseram que o homem deu três tiros, um depois do outro. O primeiro entrou
perto do meu olho esquerdo e saiu embaixo do meu ombro esquerdo. Caí sobre
Moniba, com sangue espirrando do ouvido. Os outros tiros acertaram as meninas
que estavam perto de mim. O segundo entrou na mão esquerda de Shazia. O
terceiro atingiu seu ombro esquerdo, acertando também a parte superior do braço
direito de Kainat Riaz.
Minhas amigas mais
tarde me contaram que a mão do rapaz tremia ao atirar. Quando chegamos ao
hospital, meu cabelo longo e o colo de Moniba estavam cobertos de sangue.
Quem é Malala?
Malala sou eu, e esta é minha história.
(Malala
Yousafzai. Eu sou Malala. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p.
13-7.)
muezim: é a pessoa que, em uma torre
alta e estreita, chamada minarete, conclama os religiosos a fazerem suas
orações.
riquixá: tipo de veículo, pequeno e
leve, muito usado no Oriente.
Quem é
Malala?
Hoje, Malala vive
na Inglaterra e seu sonho é voltar ao Paquistão quando as coisas estiverem
diferentes.
O que é o Talibã?
O Talibã é conhecido no Ocidente como um movimento político e religioso radical. Seu objetivo é recuperar os principais aspectos do islamismo - cultural, social, jurídica e economicamente -, com a criação de um Estado teocrático que regule a vida sacio política e religiosa. O conhecido ataque às torres gêmeas em Nova Iorque, em 11 de setembro de 2001, foi atribuído aos talibãs e a um de seus líderes, Os ama Bin Laden, que foi perseguido e morto pelos norte americanos.
O texto de Malala faz referência a "cobrir a cabeça" como uma das normas do Talibã. Na religião muçulmana, a maioria das mulheres usa ao menos um véu. Contudo, há divergências quanto à obrigatoriedade desse uso, bem como quanto ao tipo de véu.
Os trajes mais conhecidos são:
hijab: véu que tem a finalidade
de ocultar apenas o cabelo;
niqab: véu que cobre o rosto e
revela apenas os olhos;
burca: veste feminina que cobre
todo o corpo, até o rosto e os olhos. Utilizada no Afeganistão e em parte do
Paquistão, é o traje defendido pelos talibãs.
Atividades de interpretação:
1. Quem é Malala?
2.O texto narra os acontecimentos que precederam um fato decisivo na vida de Malala. Qual é esse fato?
3. "Tínhamos recebido ameaças o ano inteiro. Algumas estavam nos jornais, outras vinham na forma de bilhetes ou de mensagens transmitidos pelos moradores", conta Malala. De quem partiam as ameaças?
4. Malala tinha medo do que poderia acontecer? Justifique
sua resposta com elementos do texto.
5. Malala se destacou em seu país por causa,
principalmente, de sua luta pelo direito de as mulheres estudarem.
a) Naquela sociedade, quais são as únicas profissões
toleradas para mulheres?
b) Malala se adaptou a essas regras?
6. Nos trechos "As meninas cobriram a cabeça antes de sair para a rua" e "Eu era a única que não estava com o rosto coberto". Malala concordava com essa regra. Justifique sua resposta.
7. Quando sofreu o atentado, Malala tinha 15 anos. Que
elementos do texto mostram que ela é era uma adolescente igual às outras. Retire
do texto.
8- Agora que você leu o relato e o livro de Malala, assistiu o vídeo produza uma história em quadrinhos sobre a Malala. Capriche, utilize a linguagem verbal e não-verbal.
Faça em uma folha branca separada, sua história em quadrinhos.
Observação: Envie as fotos do seu trabalho ou grave um vídeo apresentando-o. Bom trabalho.