segunda-feira, 22 de março de 2021

Atividades de Língua Portuguesa - 8° ano A e B

 

  Unidade Educacional: Colégio Estadual Princesa Izabel

  Diretor: Wattson Mamedes de Souza.

  Professora: Aline Lorrana Maia.

  Série: 8ª Ano A e B

  Taquaral de Goiás, 22 de março de 2021.  

  Aluno(a):                                                       Horário: Até às 22: 30 h.                                                       

 

  Atividades de Língua Portuguesa referente ao 1° Bimestre de 2021

 

Objeto de conhecimento: Autobiografia e biografia

 

Autobiografia:  assim como a biografia, a autobiografia é um gênero da esfera literária, mas, nesse caso, o autor é a personagem principal da história que conta, baseada em acontecimentos da própria vida que considera relevantes. Por esse motivo, todo o texto é apresentado sob sua perspectiva ou de acordo com seu ponto de vista. Isso faz com que a linguagem tenha marcas de subjetividade e do estilo do autor. Os textos autobiográficos podem ser lidos em livros, revistas e sites.


Leia o texto a seguir:

O arco íris

 

   


    O arco-íris Frei Betto Debruçado no chão, abri o álbum de desenhos vazados que ganhara de aniversário, derramei em volta a caixa de lápis de cor e, em fúria policrômica, preenchi de cores que sugeriam bichos, nuvens, semáforos e paisagens campestres. As cores fortes, como o vermelho e o roxo, expressavam com maior nitidez a ênfase criativa que me inundava o peito. Rompi os limites das gravuras e aqueles que a própria natureza impôs à sua harmonia, pintando as montanhas de violeta e as estradas de azul. Findo o álbum, peguei folhas de rascunho na escrivaninha do papai, deitei- -me na copa e, absorto, entreguei-me ao delírio, traçando arcos e linhas, curvas e hipérboles, círculos e triângulos, retorcendo a geometria e enlouquecendo o próprio Euclides, caso visse aquilo. Desenhar eu nunca soube. Jamais tive o domínio da forma das mãos. Nem o olho da perspectiva. Em compensação, o mundo coloria-se através dos meus dedos, que subvertiam a estética divina, pintando as árvores de vermelho, o oceano de amarelo, o céu de marrom, o sol de azul. Enchia folhas e folhas com linhas esdrúxulas, perfis surreais, astros impressionistas, cujos significados só existiam em meu espírito. Reproduzi o arco-íris que coroava os céus de Belo Horizonte na época das chuvas, mapeando tesouros inidentificáveis. Estiquei paralelamente os traços de cores variadas, até gastar a ponta dos lápis. Não coube nas folhas espalhadas pelo chão da copa. Prossegui sobre o piso de cerâmica e subi parede afora. Todos os tons de minha caixa estavam representados naquele borrão forte, espectro de serpente alada. Mamãe deu um suspiro ao entrar na copa. Por um momento, acometeu-me a dúvida se de admiração ou indignação. Recobrada a fala, deserdou-me em zangas. Correu a molhar o pano na torneira da pia e obrigou-me a limpar a parede e o chão. Fiquei inconsolável. Aquilo era uma obra de arte, que me exigira esforço e criatividade. Só não merecia reconhecimento porque eu era criança.

 Ao preparar-me para limpar “essa sujeirada”, como exclamou minha mãe, adentrou meu pai, vindo do trabalho. Espantou-se ao ver o filho, sob o olhar severo da mulher, esfregando na parede o pano de chão. Meteu-se em nossa discussão, inteirou-se do motivo, contemplou o que restava de meu arco-íris. — Uma beleza, meu filho! — reconheceu para desagrado de minha mãe. — Vamos deixar aí para que todos possam apreciar. Irritada, minha mãe bateu boca com meu pai sobre o modo de educar os filhos. (Teria gostado que me consultassem, mas isso estava fora de cogitação, uma vez que todos os adultos se julgam mais sábios que as crianças.) Contudo, enchi-me de orgulho com o arco-íris exposto na copa. Cecília, minha irmã, também olhou e, virando o rosto, encaretou-se, como quem se depara com uma porcaria. Não me importei. Sabia que as mulheres nada entendiam de obra de arte. Nunca ouvira papai citar uma mulher artista. Ele só falava em pintores: Di Cavalcanti, Portinari, Marcier, Guignard, Segall, Velázquez, Cézanne, Matisse, Van Gogh e outros. Meu pai levou-me, um par de dias depois, a uma galeria de arte. Um amigo dele expunha pinturas abstratas. Vi lá borrões muito piores do que os meus. Mas ninguém ousou pedir ao artista que apagasse aquilo. Pelo contrário, todos o cobriam de sorrisos e cumprimentos elogiosos. No Natal, ganhei uma aquarela. Uma cartolina branca em forma de paleta, com um arco de botões de múltiplas cores na borda, dois pincéis finos e um copinho de cerâmica para pôr água. Revesti as paredes da garagem de obras, se perenizadas como as pinturas rupestres, possivelmente me garantiriam ao menos o reconhecimento da posteridade. Contudo, levei boas palmadas de papai quando, ao sair do banho, encontrou-me estirado em sua cama, aquarela em punho, transformando em estampado o lençol branco. Desta vez, ele concordou com o desgosto artístico de minha mãe. 

FREI BETTO. Alfabeto: autobiografia escolar. São Paulo: Ática, 2002. p. 48-50.

Atividades: 

D14 – Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato.

1-Assinale o trecho que apresenta uma opinião do autor.

a) “Meu pai levou-me, um par de dias depois, a uma galeria de arte.”

b) “No Natal, ganhei uma aquarela.”

c) “(Teria gostado que me consultassem, mas isso estava fora de cogitação,

uma vez que todos os adultos se julgam mais sábios que as crianças.)”

d) “Debruçado no chão, abri o álbum de desenhos vazados que ganhara

de aniversário [...]”

 

D8 – Estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la.

D17 – Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações.

D13 – Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto

D18 – Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expressão.

 

2-O argumento utilizado pelo autor para explicar por que não compreendia o desagrado da mãe está presente em:

 a) “Meu pai levou-me, um par de dias depois, a uma galeria de arte. Um amigo dele expunha pinturas abstratas. Vi lá borrões muito piores do que os meus.”

 b) “No Natal, ganhei uma aquarela. Uma cartolina branca em forma de paleta, com um arco de botões de múltiplas cores na borda, dois pincéis finos e um copinho de cerâmica para pôr água.”

c) “Não me importei. Sabia que as mulheres nada entendiam de obra de arte. Nunca ouvira papai citar uma mulher artista.”

d) “Aquilo era uma obra de arte, que me exigira esforço e criatividade. Só não merecia reconhecimento porque eu era criança.”

 

3-Releia:

“Ao preparar-me para limpar ‘essa sujeirada’, como exclamou minha mãe, adentrou meu pai, vindo do trabalho.”

• Qual é o efeito de sentido provocado pelo uso das aspas na expressão destacada?


4-Releia a introdução do texto, observando a linguagem.

“Debruçado no chão, abri o álbum de desenhos vazados que ganhara de aniversário, derramei em volta a caixa de lápis de cor e, em fúria policrômica, preenchi de cores que sugeriam bichos, nuvens, semáforos e paisagens campestres. As cores fortes, como o vermelho e o roxo, expressavam com maior nitidez a ênfase criativa que me inundava o peito. Rompi os limites das gravuras e aqueles que a própria natureza impôs à sua harmonia, pintando as montanhas de violeta e as estradas de azul.”

Com base no trecho lido, identifique a pessoa do discurso e explique o uso dela nos textos autobiográficos.


D10 – Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa.

D9 – Diferenciar as partes principais das secundárias em um texto.

D15 – Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios etc.

  D12 – Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros 

5-Ao afirmar que estava [...] “retorcendo a geometria e enlouquecendo o próprio Euclides, caso visse aquilo. ”, o que o autor expressa? Por quê?


 

6- Para o transcorrer da história, qual é a importância de o autor ter pintando um arco-íris no piso e na parede? Justifique sua resposta.

7- Releia este trecho: A principal informação desse trecho é:

"No Natal, ganhei uma aquarela. Uma cartolina branca em forma de paleta, com um arco de botões de múltiplas cores na borda, dois pincéis finos e um copinho de cerâmica para pôr água. Revesti as paredes da garagem de obras, se perenizadas como as pinturas rupestres, possivelmente me garantiriam ao menos o reconhecimento da posteridade."

a) a quantidade de pincéis que o autor ganhou no Natal.

 b) o autor ter pintado as paredes da garagem com a aquarela.

c) o formato da aquarela que o autor ganhou no Natal.

d) o material de que é feito o copo para pôr água.

 

8-Complete: • Em “(Teria gostado que me consultassem, mas isso estava fora de cogitação [...].)”, a palavra empregada para expressar a oposição de ideias é a conjunção ____________________________ .

 

9- De acordo com o que foi estudado nesta lição, explique o objetivo principal da autobiografia.